A trajetória recente do Mirassol vem acompanhada de uma série de inedistismos. Em ano de centenário, a equipe paulista vive o ponto alto de sua história e faz bonito em estreia na elite do futebol brasileiro para coroar a ascensão que começou lá em 2008. Um dos atletas que viram de perto essa evolução do Leão foi o atacante baiano Zeca, que hoje brilha no futebol asiático.
Em entrevista exclusiva ao Lance!, o atleta de 28 anos, que ou pelo clube na campanha do Paulistão de 2022, revelou que era uma questão de tempo para o Mirassol despontar como uma nova força do futebol brasileiro.
- Quando eu chego no Mirassol, era um clube que jogava série C, que já vinha de ótimas campanhas no Paulistão, tanto é que era tinha ido para semifinal em dois anos consecutivos. Então, ver o Mirassol na situação que eles vivem hoje é zero surpreendente. Era previsível para todo mundo que ava e via o nível de estrutura, o nível de profissionalismo, o comprometimento da instituição, do staff, diretoria, as pessoas que comandam o clube - iniciou Zeca.
- Eu brincava com as pessoas que me perguntavam: "Pô, Mirassol, como é que é?" Eu falei: "Um clube desse aqui é um pecado não jogar a Primeira Divisão, é um clube que oferece melhores condições de trabalho, total tranquilidade quando diz respeito à parte financeira, tanto em salário, quanto em premiação, não tem conversa.

A agem de Zeca, porém, foi curta pelo Mirassol. Em 13 jogos disputados (11 pelo Paulistão e dois pela Copa do Brasil) ele marcou seis gols e pavimentou o caminho para realizar o desejo antigo de jogar no futebol asiático.
A ascensão do Mirassol
Hoje no Shandong Taishan, da China, e com agens de sucesso pela Coreia do Sul, Zeca não esquece das conversas que tinha com os companheiros de Mirassol sobre o futuro promissor da equipe.
- Você consegue ver que não é uma equipe que está na Terceira Divisão ou até mesmo na série A ou na série B e não tem uma ambição, um planejamento. Os caras eram de um profissionalismo gigante. Tinham jogadores comigo lá na Série A1 do Paulistão que jogaram a Série A do Brasileiro, jogaram na seleção brasileira, que é o caso do Camilo.
- Cara, eles falavam que o Mirassol não ficava atrás de nenhum daqueles clubes que eles tinham ado anteriormente em termos de condições de trabalho, estrutura. Ainda tenho um ótimo contato com com algumas pessoas de lá, eles procuram evoluir a cada dia. Hoje você vê as postagens do clube com banheira de água, academia moderna. A organização é nota mil - finalizou Zeca.

Os capítulos mais gloriosos da história do Mirassol começaram em 2008, quando o clube, fundado em 1925, jogou a elite do Campeonato Paulista pela primeira vez. Com um digno oitavo lugar na estreia, o Leão mostrou que estava pronto para desafios maiores e manteve-se com regularidade na elite até se firmar de vez de 2017 para cá.
Até 2018, o Mirassol tinha disputado uma Série C em 1995 e outras quatro edições da Série D (2009, 2011, 2012 e 2018), mas em nenhuma dessas tentativas obteve sucesso. A glória foi concretizada mesmo em 2020, quando foi campeão da Quarta Divisão.
Não demorou muito para o Mirassol colher novos frutos da ascensão meteórica. Em 2022, veio um novo título nacional, desta vez da Série C. No ano seguinte, já na Série B, bateu na trave na briga pelo o, mas conquistou a vaga inédita no Brasileirão em 2024, com o vice-campeonato da Série B.
Na elite em 2025, o Leão mostra que não está na competição a eio, muito pelo contrário. Nono colocado, o time faz campanha sólida e começa a sonhar com coisas grandes na temporada, como vaga na Sul-Americana ou até mesmo Libertadores. A luta contra o rebaixamento parece estar ficando para trás.

Tudo isso é fruto de investimento em tecnologia e infraestrutura de ponta, que proporcionou qualidade de trabalho e atraiu muitos atletas para o projeto. Essa revolução no Mirassol foi impulsionada pela venda de Luiz Araújo, prata da casa, do São Paulo para o Lille (FRA).
O Mirassol ficou com R$ 8 milhões, que representam 20% dos direitos econômicos do atleta, hoje no Flamengo, vendido por cerca de R$ 38 milhões à época. Com esse dinheiro, que parece pouco para o futebol, o Mirassol conseguiu transformar a sua história.