Há uma crença tradicional errada no cristianismo de que só se manifesta a nós o Espírito Santo, o próprio Deus, e de que as demais manifestações são de demônios ou espíritos de outra categoria, quando na verdade eles são espíritos humanos maus. Mas existem também os demônios bons e até santos, isso de acordo com os originais bíblicos gregos.
E queremos lembrar aqui que as aparições de espíritos de mortos são o que, na Bíblia, se chama de “ressurreições”. As de Jesus são as mais importantes. Usamos o plural porque foram várias as suas aparições. E, conforme diz a Bíblia, várias vezes, elas somente começariam a ocorrer a partir do terceiro dia, depois da morte de Jesus, ou seja, no domingo de Páscoa. Isso porque muitos espíritos aparecem logo depois da morte do corpo, e não raramente até mesmo na hora de sua morte, como nos demonstra a literatura parapsicológica mundial. E houve a aparição ou ressurreição de Jesus menos falada aos dois discípulos no caminho de Emaús (Lucas, capítulo 24).
E vamos aos fatos bíblicos de aparições (ressurreições) e contatos com espíritos desencarnados, que podem ser bons ou maus (atrasados), e não só maus, como se fosse bom só o Espírito Santo trinitário e os outros todos, maus. João nos aconselha a examinarmos os espíritos, exatamente para sabermos se são bons ou maus. Se constatarmos que são maus, não devemos acreditar nas profecias deles. Com isso, João não só nos mostra que há também contatos com espíritos bons, e não só maus, como também que as profecias são feitas por espíritos, as quais são verdadeiras, se os espíritos forem bons, mas falsas, se os espíritos forem maus (Primeira Carta de João 4: 1).
Há dois tipos de profetas: o encarnado e o desencarnado. Por isso, numa aula ou reunião com cristãos que Paulo liderava, ele ensina que os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas (1 Coríntios 14: 32). Como entender isso? É que uma pessoa que é um profeta (“médium” na linguagem kardequiana de hoje), um espírito só se manifesta ou profetiza por meio dela se ela der ividade, isto é, permissão para que seu corpo possa ser usado para a profecia. E os dois tipos de profetas podem ser verdadeiros ou falsos. Pode o profeta encarnado ser verdadeiro e o desencarnado (espírito) ser falso, em cujas profecias não se pode, pois, acreditar. Samuel foi um grande profeta encarnado, mas também em espírito. “Ainda depois de morto profetizou e anunciou ao rei seu próximo fim” (Eclesiástico ou Siracides 46:20, da Bíblia Católica). Um espírito encarnado pode também se manifestar. Em certa noite, Paulo teve uma visão de um homem macedônio (Atos 16: 9).
E eis um exemplo de falsificação de traduções de textos bíblicos para adaptá-los ao dogma do Espírito Santo. A Vulgata de são Jerônimo, por volta do ano de 400: “spiritum bonum”. Observe-se que ele não diz o Espírito Santo, mas “espírito bom” – tradução da Editora Sacy para o francês, usada por Kardec, no século XIX, para escrever o “Evangelho Segundo o Espiritismo”: “le bon Esprit” (o bom Espírito); e, agora, a tradução da Ed. Paulus para o português: “o Espírito Santo” (João 11: 13).
Se Deus permitisse apenas a manifestação de espíritos maus, Ele estaria dando apoio a esses mensageiros da mentira e silenciando os que falam a verdade!
Recomendo “Espiritismo Fácil”, de Luis Hu Rivas, Boa Nova Editora, Catanduva (SP), 2014.